Eduardo Campos desce do avião em visita à Franca |
Uma
das firmas que fizeram depósito funciona numa casa abandonada. PSB
disse que contabilidade do avião será entregue no final da
campanha.
Documentos obtidos pelo Jornal Nacional mostram que empresas
fantasmas pagaram a empresa dona do avião em que morreu, no dia 13
de agosto, o então candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo
Campos. Extratos bancários mostram que a empresa AF Andrade, que
segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é a
proprietária da aeronave, recebeu R$ 1.710.297,03 supostamente pagos
para comprar o jato.
As transferências vieram de 6 pessoas físicas e jurídicas, e entre
estas, há empresas mantidas em endereços onde funcionam uma
peixaria, uma residência, uma sala vazia e uma casa abandonada em
Pernambuco. A AF Andrade diz que já havia repassado o avião para
outro empresário, que o emprestou para a campanha de Campos.
Uma das empresas, a Geovane Pescados, que fez uma transferência de
R$ 12.500. No endereço da firma mora Geovane, que negou ter uma
empresa de pescados. "Acha que se eu tivesse uma empresa de
pescados estaria numa situação dessas?
Outra empresa, a RM Construções, fez 11 transferências, cinco em
1º de julho e outras seis em 30 de julho, que somam R$ 290.090. O
endereço da empresa fica numa casa no bairro Imbiribeira, no Recife,
mas empresa, em nome de Carlos Alberto Macedo, não funciona no
local. "Tinha um escritório. Às vezes, guardava o material o
outro", disse ao JN.
Questionado por telefone se havia depositando dinheiro para comprar
de um avião, Macedo disse: "Tem certeza disso?".
Outra empresa, Câmara & Vasconcelos, que fez um depósito de R$
159.910, tem como endereço uma sala vazia em um prédio e uma casa
abandonada. Os dois lugares ficam em Nazaré da Mata, distante 60
quilômetros do Recife.
A maior transferência feita para a AF Andrade foi de R$ 727 mil, no
dia 15 de maio, pela Leite Imobiliária, de Eduardo Freire Bezerra
Leite. Completam a lista de transferências João Carlos Pessoa de
Mello Filho, com R$ 195 mil, e Luiz Piauhylino de Mello Monteiro
Filho, advogado com escritórios em Brasília, Recife e São Paulo,
com uma transferência de R$ 325 mil.
Luiz Piauhylino de Mello Monteiro Filho disse que o valor,
transferido em junho, é referente a um empréstimo firmado com o
empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho.
João Carlos Lyra, por sua vez, declarou que, para honrar
compromissos com a empresa AF Andrade, fez vários empréstimos, com
o objetivo de pagar parcelas atrasadas do financiamento do avão
usado por Campos.
A Leite Imobiliária confirmou que transferiu quase R$ 730 mil para a
AF Andrade como um empréstimo a João Carlos Lyra.
Já o PSB declarou, nesta terça-feira (26), que o uso do avião foi
autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho
e Apolo Santana Vieira. E que o recibo eleitoral, com a contabilidade
do uso do Cessna, seria emitido ao fim da campanha de Eduardo Campos.
O PSB afirmou que o acidente, em que morreram assessores do
candidato, criou dificuldades para o levantamento de todas
informações.
Fontes: