sexta-feira, 2 de junho de 2017

A INDIGNAÇÃO DE UMA JUÍZA FEDERAL (Por Gleidistone Antunes)

Juíza Federal Raquel Domingues do Amaral

A INDIGNAÇÃO DE UMA
JUÍZA FEDERAL
(Por Gleidistone Antunes)



Pessoal, na moral!

O brasileiro tem visto nos últimos meses o descaramento daqueles que foram eleitos para representarem o anseios desse povo que, por vários séculos tem sido alvo da ganância, das falcatruas, do roubo e da exploração do poder corporativista dos grandes empresários.

A exploração do homem pelo homem, em nome do enriquecimento a qualquer preço (sangue, suor, lágrimas, vidas de pobres homens, mulheres e até de crianças) tem feito milhões de vítimas no mundo todo. O poder dos empresários, ditos homens que movimentam o país com grandes investimentos, está agora cada vez mais claro: roubalheira por intermédio de empréstimos fraudulentos, junto aos bancos, instituições financeiras a serviço dos ricos para a exploração dos pobres.

Os direitos conseguidos às custas de vidas que foram queimadas vivas em fogueiras, enforcadas, empaladas, afogadas e assassinadas sem que nenhum dos mandantes ou mesmo executores fossem punidos, continuam a acontecer, mesmo neste século, por incrível que pareça.

A dita “justiça” tem se mostrado contaminada com a atuação dos representantes dos poderes Legislativo, Executivo e do Judiciário. A ex-ministra Eliana Calmon tinha razão: “Por trás das togas estão escondidos marginais da mais alta periculosidade”.

Mas nem tudo está perdido, pois ainda existe um fio de esperança, uma luz no final do túnel. Uma Juíza Federal, Raquel Domingues do Amaral, indignada com a sujeira que muitos dos seus colegas escondem embaixo do tapete, escreveu um excelente texto acerca dos “Direitos humanos”. De que são feitos os Direitos de um povo, de uma nação. Leia o texto na íntegra:


"Sabem do que são feitos os direitos, meus jovens?
Sentem o seu cheiro?
Os direitos são feitos de suor, de sangue, de carne humana apodrecida nos campos de batalha, queimada em fogueiras!
Quando abro a Constituição no artigo quinto, além dos signos, dos enunciados vertidos em linguagem jurídica, sinto cheiro de sangue velho!
Vejo cabeças rolando de guilhotinas, jovens mutilados, mulheres ardendo nas chamas das fogueiras! Ouço o grito enlouquecido dos empalados.
Deparo-me com crianças famintas, enrijecidas por invernos rigorosos, falecidas às portas das fábricas com os estômagos vazios!
Sufoco-me nas chaminés dos Campos de concentração, expelindo cinzas humanas!
Vejo africanos convulsionando nos porões dos navios negreiros.
Ouço o gemido das mulheres indígenas violentadas.
Os direitos são feitos de fluido vital!
Pra se fazer o direito mais elementar, a liberdade, gastou-se séculos e milhares de vidas foram tragadas, foram moídas na máquina de se fazer direitos, a revolução!
Tu achavas que os direitos foram feitos pelos janotas que têm assento nos parlamentos e tribunais?
Engana-te! O direito é feito com a carne do povo!
Quando se revoga um direito, desperdiça-se milhares de vidas ...
Os governantes que usurpam direitos, como abutres, alimentam-se dos restos mortais de todos aqueles que morreram para se converterem em direitos!
Quando se concretiza um direito, meus jovens, eterniza-se essas milhares vidas!
Quando concretizamos direitos, damos um sentido à tragédia humana e à nossa própria existência!
O direito e a arte são as únicas evidências de que a odisseia terrena teve algum significado!"

Fonte: https://pequenasigrejas.blogspot.com.br/2017/05/recado-aos-pobres-de-direita-texto.html?m=1

terça-feira, 30 de maio de 2017

OZI DOS PALMARES, O MENESTREL DA TERRA DOS POETAS Por Gleidistone Antunes






OZI DOS PALMARES, O MENESTREL DA TERRA
DOS POETAS
Por Gleidistone Antunes



Em todos os tempos, na música brasileira, sobretudo na música nordestina, muitos têm decantado seus torrões com propriedades que são peculiares a cada região. As histórias de causos dos mais variados têm servido de motes para a construção dos poemas, músicas, teatro e danças. Em nossa cidade, Mata Sul de Pernambuco, essa atividade fica por conta do nosso Menestrel, Ozi dos Palmares.
 
Ele ganhou o mundo, encantou-se pros lados de São Paulo há muito tempo e vem fazendo sua história de sobrevivência, resistência e alumbramento. Prova disso é o seu novo trabalho “Arrelique”, apresentado pelo jornalista e escritor Maurício Melo Júnior. Da capa ao disco (CD), das letras ao canto, Ozi dá uma mostra de maturidade com sua canção de trabalho - “Coisa mandada” e abre esse espetáculo de contos em versos musicalizados com as características do seu povo, do seu torrão – Terra dos Poetas.

A força e a valentia do nordestino é retratada em versos como: “O meu ponteio é feito faca de gume / Pexeira de Lampião”. Isso já diz de cara que o autor não está de brincadeira e que a religiosidade é a marca maior desse artista multi-instrumentista, intérprete, arranjador, compositor das suas refinadas letras e melodias: “Sou devoto de Padim Ciço / E também de Frei Damião / Carrego o terço no bolso / Faço minha oração”. O respeito às pessoas são reproduzidos numa linguagem coloquial, viril e regionalista em: “Oia seu doutor, me dê um tiquinho de licença / Esse é meu ponteio macho da gota serena
 

Nestas poucas palavras vê-se logo que as influencias musicais do Ozi são partes da sua vida de bacuri-menino da terra do Una, de Ascenso e de seu velho pai - Antônio Ferroviário, clarinetista dos bons.

As variantes sonoras de Ozi mostram a sua grandeza, talento e amor pelo Nordeste/Pernambuco/Palmares e por suas histórias de luzes, brilhos e cores que se reverberam na sua musicalidade atemporal, porque é eternamente lírica, linda e deslumbrantemente palmarina, do canto da boca (dele), do sangue das veias. Um “Arrelique” danado de bom!

Salve, salve Ozi dos Palmares!