sexta-feira, 5 de maio de 2017

INEXAURÍVEL EU (Tony Antunes)

Foto da Fundação de Cultura Hermilo Borba Filho


INEXAURÍVEL EU
(Tony Antunes)

Pensei que era apenas um
pensei que fui o que já sou
pensei que serei o que não sei
mas serei ser o que quiser
inexoravelmente o futuro chegará
descobrirei, então, que nada sou
apenas sentirei profundamente
que posso pensar e entender:
os vários xis de mim mesmo
é apenas um – inexaurível eu.

Tony Antunes, autor do poema INEXAURÍVEL EU é o pseudônimo o Professor Gleidistone Antunes da Silva. Formado em Letras e Especialista em Língua Portuguesa pela Faculdade de Formação de professores da Mata Sul – FAMASUL, onde é funcionário há quinze anos.

INEXAURÍVEL EU, traz como característica um emaranhado de palavras aparentemente desconexas que, tal qual um jogo de lógica matemática, confunde o leitor/ouvinte, haja vista que o texto nos entrega somente o significante, deixando sob a responsabilidade do ouvinte/leitor o significado linguístico semantical.

INEXAURÍVEL EU, é um poema do Movimento da Poesia Absoluta, criando pelo membro da União Brasileira dos Escritores – UBE, seção Recife, Vital Corrêa de Araújo. Mas este Movimento Literário em nossa região Mata Sul, é encabeçado pelo Professor de Teoria Literária da FAMASUL, antólogo, poeta e escritor Admmauro Gommes.

O poema recebe um toque especial quando Marquinhos Anthony, também funcionário da FAMASUL, musicista, cantor, compositor e produtor musical, com larga experiência no cenário artístico pernambucano e nacional, ouve pela primeira vez esta “estranha poesia”. Com maestria e encantamento, ele dá um movimento plástico sonoro a INEXAURÍVEL EU, com uma batida forte e contagiante, bem ao seu estilo e quebra todas as convenções musicais do presente, considerando que INEXAURÍVEL EU é a poesia absoluta do futuro.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

COMO OS MÉDICOS MORREM (Ana Lucia Coradazzi, médica oncologista clínica)

 
COMO OS MÉDICOS MORREM
(Ana Lucia Coradazzi, médica oncologista clínica)

 Você vai ler agora o comentário acerca de um artigo emocionante, escrito pelo médico Ken Murray, da University of Southern California. No texto ele conta a história de um amigo, ortopedista, que alguns anos antes recebeu o diagnóstico de um câncer de pâncreas. Apesar de estar nas mãos de um grande cirurgião, especializado nesse tipo de câncer e extremamente capacitado para conduzir o caso, o ortopedista recusou o tratamento. Foi para sua casa, procurou ficar o máximo de tempo possível com sua família e otimizar sua qualidade de vida através do controle dos sintomas da doença. Alguns meses depois, ele faleceu em casa. Não recebeu quimioterapia, radioterapia ou tratamentos cirúrgicos. Nada.

O fato é que, por incrível que pareça e por mais incômodo que seja, médicos também morrem. E não gostam da ideia de morrer, tanto quanto qualquer outra pessoa. O que é diferente entre os médicos não é a quantos tratamentos eles têm acesso em comparação com os outros pacientes, e sim a quão menos tratamentos eles próprios se submetem. Médicos tendem a ser mais serenos e realistas quando encaram a possibilidade de morrer. Eles sabem exatamente o que vai acontecer, conhecem suas opções, e geralmente têm acesso a todos os tratamentos disponíveis. Mas partem suavemente, de forma quase que submissa.


 
É claro que médicos não desejam morrer. Eles querem viver. Mas eles sabem o suficiente sobre a medicina moderna para conhecer seus limites, e compreendem de forma profunda o que as pessoas mais temem: morrer em grande sofrimento e sozinhas. Médicos costumam falar sobre isso com seus familiares. Deixam claro que, quando for sua hora, não querem ninguém quebrando suas costelas na tentativa improvável de ressuscitá-los.

Muitas vezes, falam sobre isso poucas horas após eles próprios terem feito exatamente isso com seus pacientes (eu mesma já fiz). A maioria dos médicos já viu (e praticou) demais o que chamam de “futilidade médica”, que acontece quando é usado todo o arsenal mais moderno disponível para uma pessoa gravemente doente, que está claramente no final de sua vida. Eles já viram pessoas sendo cortadas, perfuradas com tubos e agulhas, colocadas em máquinas barulhentas (e sedadas para suportar a tortura), além da infinidade de remédios correndo em suas veias. E morrendo poucos dias (até horas) depois. Eu já ouvi de colegas angustiados frases como: “Prometa-me que, se um dia eu estiver nessa situação, você vai me deixar partir. Não deixe que façam isso comigo.” E é assim mesmo.
 
Mas, então, por que é que eles fazem isso aos seus pacientes? Por que fazem com os outros o que abominam para si mesmos? O grande problema aqui é também a origem de praticamente todos os problemas do mundo: a má comunicação. Uma família que vê uma pessoa querida em grande sofrimento frequentemente faz pedidos do tipo “Doutor, faça tudo o que puder por ele”. O médico, por sua vez, escuta “Por favor, use todas as estratégias que você conhecer nesse caso”. E o pesadelo começa. Na verdade, a tradução do pedido angustiado da família possivelmente era “Doutor, faça o que puder para aliviar o sofrimento dele. Ele não merece viver dessa maneira.” A abordagem, provavelmente, seria bem outra. A mesma confusão pode acontecer quando o médico pergunta ao seu paciente se ele deseja continuar com o tratamento. O paciente pode entender que, se disser “não”, será abandonado pelo médico e morrerá exatamente do jeito que o apavora: sofrendo e sozinho. O mesmo paciente poderia responder com um grande e aliviado “sim” se ouvisse uma proposta do tipo “A sua doença não está respondendo aos tratamentos que temos tentado, e eles estão deixando você ainda mais debilitado do que o próprio câncer. O que você acha de pararmos de nos preocupar com sua doença e focar nossos esforços para melhorar ao máximo a sua convivência com ela?”.

Alguns médicos  tatuaram no peito esta frase: Não me entube / Não me reanime
 
O fato é que todos nós, pacientes, médicos e familiares, sofremos as pressões do sofrimento extremo, do tempo, do sistema de saúde, da própria formação médica e das crenças culturais na hora de tomar uma decisão drástica. Mas somente os médicos sabem o que acontece depois. Eles tendem a não aceitar tratamentos excessivos e com poucas chances de sucesso. Muitos buscam formas de morrer em suas próprias casas, esmerando-se no controle da dor e outros sintomas, buscando significado para suas próprias vidas e oferecendo o melhor de si às pessoas a quem amam. A própria literatura médica oferece base para esse tipo de decisão. Estudos têm demonstrado que pessoas com câncer hospedadas em hospícios ou acompanhadas por serviços de Cuidados Paliativos vivem mais (e melhor) do que aquelas com o mesmo diagnóstico que recebem tratamentos oncológicos até o final da vida.

Cabe a nós, médicos, oferecer aos pacientes a informação que nos é disponível. Cabe a nós permitir que eles compreendam que a morte não é algo a ser evitado a todo custo, e sim um momento da vida, como qualquer outro. Em muitas situações, ela simplesmente não pode ser evitada, apenas adiada, e o custo disso pode ser um sofrimento intenso e desnecessário. O “prolongamento da vida” pode, na verdade, ser apenas o prolongamento do processo de morrer. Muitas vezes, com o paciente em grande sofrimento e sozinho. Um motivo e tanto para que os médicos não queiram passar por isso.


LEIA O ARTIGO TRADUZIDO NA ÍNTEGRA 



FONTE:
https://nofinaldocorredor.com/2015/04/25/como-os-medicos-morrem/comment-page-3/#comment-916

domingo, 30 de abril de 2017

O BRASIL PERDE PARA SEMPRE UM DOS MAIS EMBLEMÁTICOS ARTISTAS DO SÉCULO XX - BELCHIOR (Gleidistone Antunes)


Última aparição em entrevista do cantor Belchior


O BRASIL PERDE PARA SEMPRE UM DOS MAIS EMBLEMÁTICOS ARTISTAS DO SÉCULO XX - BELCHIOR



O cantor e compositor Belchior,expoente da música popular brasileira por suas letras contestatórias, melancólicas e irônicas, morreu na madrugada deste sábado para o domingo, aos 70 anos.

O cantor Belchior se foi calmamente, sem sofrimento durante o sono e ouvindo música clássica, de acordo com o delegado Luciano Menezes, que investigou o caso do cantor que tinha 70 anos.

A companheira do cantor, Edna Prometeu, disse, segundo o delegado, que Belchior não tomava remédios e que o músico era um homem saudável. Fazia exercícios à beira da piscina e caminhava esporadicamente para manter a forma física. Ele era muito preocupado com a saúde, haja vista que foi estudante de medicina e sabia que tinha de se cuidar bem.

Enquanto escutava música clássica numa sala de sua preferência, nos fundos da casa, pediu um cobertor a sua companheira. Ela lhe perguntou se queria companhia. O cantor disse que preferia ficar ali mesmo, no sofá. Às 7horas da manhã desse domingo (30/04) então, foi encontrado por sua companheira, ali mesmo no sofá, mas já sem vida.
 
Casa em que o ator vivia, na pacata cidade de Santa Cruz do Sul
  
Rompimento da aorta foi causa da morte de Belchior, revela necrópsia
 

O corpo do artista foi levado para necropsia ao final da tarde desse domingo, em Cachoeira do sul a 15o km de Porto Alegre, onde a causa da morte foi constatada. O velório está sendo esperado em Fortaleza, no Ceará.

Segundo a necrópsia, ele morreu vitima de uma dissecação da aorta, ou seja, um rasgo na principal artéria do corpo humano.

Belchior vivia reclusamente na pacata cidade de Santa Cruz do Sul. A casa era emprestada de um amigo, numa rua tranquila de um bairro residencial.



Carreira e 'desaparecimento'


Com uma riquíssima obra e discos considerados pilares da nossa música, Belchior começou a fazer sucesso em meados dos anos 60, vencendo diversos festivais de música da região. Em 1971, quando se mudou para o Rio, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção 'Na Hora do Almoço'. Seu trabalho mais conhecido é 'Alucinação' (1976), que ajudou a consolidar sua carreira em todo o Brasil, com sucessos como 'Velha roupa colorida', 'Como nossos pais' (gravadas por Elis Regina) e 'Apenas um rapaz latino-americano'.

Em 1983 fundou sua própria produtora e gravadora, a Paraíso Discos. Mais recentemente, Belchior virou tema dos noticiários por seu suposto desaparecimento. Em 2009, surgiram as primeiras notícias sobre o 'sumiço'. Turistas brasileiros afirmam terem-no encontrado no Uruguai em julho do mesmo ano.
 

O cantor Guilherme Arantes afirma que Belchior foi maior letrista de canções transformadoras do seculo XX.