A participação da família na formação de filhos leitores é de fundamental importância |
QUERO
SER UM CONTADOR DE HISTÓRIAS
Silvia
Bortolin Borges (co-autora)
Mesmo sem perceber narramos
histórias cotidianamente, isto por meio de uma piada, de uma
amenidade no dia a dia, da descrição de um capítulo da novela, de
um "causo", de um desabafo no portão da vizinha, de um
relato na terapia, de um jogo de RPG e de uma conversar na Internet.
Apesar da inovação nas
formas de se narrar histórias, essa atividade continua tendo na sua
essência, a preocupação de trabalhar a afetividade,
a emoção e o imaginário do ouvinte.
E a quem cabe o papel de
contar histórias? Em que lugar deve-se contar uma história? Quando
se deve contar uma história? A resposta é: todos devem contar
histórias, em todos
os lugares e sempre.
O ato de contar histórias é uma de afetividade e fraternidade |
Para ser um contador de
histórias, não é necessário ter dom, como muitas pessoas afirmam,
mas é necessário sensibilidade e poder de encantamento. Assim, para
se contar uma história sugerimos:
- O conhecimento antecipado do texto (escrito ou imagético, impresso ou eletrônico), observando os elementos que o compõe, vivenciando as emoções e familiarizando-se com os personagens;
- A escolha de um texto que dê prazer, para que se possa transmiti-lo com prazer;
A utilização de "senhas"
para iniciar e terminar a história. Alguns exemplos:
NO
INÍCIO
Contar histórias amplia o imaginário das crianças e potencializa seu processo de criatividade |
"Era
uma vez ... "
"Há
muito tempo atrás …"
"No
tempo em que os bichos falavam …"
"No
tempo em que a galinha tinha dentes..."
"Numa
floresta muito distante …"
NO
FINAL
Entrou
por uma porta
Saiu
pela outra
Quem
quiser que conte outra
Entrou
por uma porta
Saiu
pela outra
Mande
el rei, meu senhor
Que
me conte outra.
Entrou
pelo pé de um pinto
Saiu
pelo pé de um pato
Mande
el rei, meu senhor
Que
conte quatro.
Minha
história acabou
Um
rato passou
Quem
o pegar
Poderá
sua pele aproveitar.
E
assim terminou a história...
ALGUMAS
DICAS PARA UM CONTADOR DE HISTÓRIAS
- Haja com naturalidade;
- Opte por ler ou por contar a história, sem mesclar;
- Não esconda as palavras difíceis. Se o ouvinte for criança fale a palavra naturalmente, caso seja um objeto ou personagem fora de contexto, brinque com a palavra antes de iniciar a história. Ex: urinol;
- Evite utilizar a linguagem no diminutivo, "apequenando" o ouvinte; Ex: Criancinhas, eu vou contar uma historinha deste livrinho, mas antes vamos cantar uma musiquinha;
- A história não deve ser utilizada para dar lição de moral ou para corrigir comportamentos;
- Não apresente apenas histórias "fechadas", pelo contrário utilize-se de histórias com facetas contraditórias. Ex: Branca de neve (branca e bonita) Menina bonita do laço de fita - Ana Maria Machado (negra e bonita);
- Quando possível utilize músicas e cantigas, porque elas seduzem as pessoas em qualquer faixa de idade;
- Apresente diferentes versões de uma história, porém antes de iniciar, informe ao ouvinte, pois em especial as crianças menores, não admitem alterações;
- ENFIM: faça do ato de contar histórias um momento prazeroso.
SUGESTÃO
DE LEITURA
COELHO,
Betty. Contar histórias uma arte sem idade. São
Paulo: Ática, 1986.
Fonte: http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=302