Chiquinha Gonzaga, uma mulher à frente do seu tempo
O
MAIOR NOME DA MÚSICA BRASILEIRA: CHIQUINHA GONZAGA
(Por
Gleidistone Antunes)
Francisca
Edwiges Neves Gonzaga,
mais conhecida como Chiquinha
Gonzaga (Rio
de Janeiro, 17
de outubro de 1847 — 28
de fevereiro de 1935)
foi
uma compositora, pianista e maestrina brasileira.
Foi
a primeira chorona,
primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca
com letra ("Ó
Abre Alas",
1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no
Brasil. No Passeio
Público do Rio de Janeiro,
há uma herma em
sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha. Em maio de 2012
foi sancionada a Lei 12.624 que instituiu o Dia Nacional da Música
Popular Brasileira, a ser comemorado no dia de seu aniversário.
A
necessidade de adaptar o som do piano ao gosto popular valeu a glória
de tornar-se a primeira compositora popular do Brasil. O sucesso
começou em 1877,
com a polca 'Atraente'.
A partir da repercussão de sua primeira composição impressa,
resolveu lançar-se no teatro de variedades e revista. Estreou
compondo a trilha da opereta de costumes "A Corte na Roça",
de 1885.
Em 1911,
estreia seu maior sucesso no teatro:
a opereta Forrobodó,
que chegou a 1500 apresentações seguidas após a estreia - até
hoje o maior desempenho de uma peça deste gênero no Brasil. Em
1934, aos 87 anos, escreveu sua última composição, a partitura da
peça "Maria". Foi criadora da célebre partitura da
opereta Juriti,
de Viriato
Corrêa.
Por
volta de 1900 conhece
a irreverente artista Nair
de Tefé von Hoonholtz,
a primeira caricaturista mulher
do mundo, uma moça boêmia, embora de família nobre,
da qual se torna grande amiga. Chiquinha viaja
pela Europa entre 1902 e 1910,
tornando-se especialmente conhecida em Portugal,
onde escreve músicas para diversos autores. Logo após o seu retorno
do continente
europeu,
sua amiga Nair
de Tefé casa-se
com o então presidente
da República Hermes da Fonseca,
tornando-se primeira-damado Brasil.
Chiquinha
é convidada pela amiga para alguns saraus no Palácio
do Catete,
a então morada presidencial, mesmo sob a contrariedade notavelmente
imposta pela família de Nair. Certa vez, em 1914,
num recital de lançamento do Corta
Jaca,
no palácio presidencial, a própria primeira-dama do
país, Nair de Tefé, acompanhou Chiquinha no violão,
e empunhou o instrumento, tocando um maxixe composto
pela maestrina. O que foi considerado um escândalo para a época.
Foram feitas críticas ao
governo e retumbantes comentários sobre os "escândalos"
no palácio, pela promoção e divulgação de músicas cujas origens
estavam nas danças vulgares, segundo a concepção da elite social
aristocrática. Levar para o Palácio do Governo a música
popular brasileirafoi
considerado, na época, uma quebra de protocolo, causando polêmica
nas altas esferas da sociedade e entre políticos.
Após o término do mandato presidencial, Hermes da Fonseca e Nair de
Tefé mudaram-se para a França,
onde permaneceram por um bom tempo. Em decorrência desse
afastamento, Chiquinha e Nair acabam por perder contato.
Chiquinha
participou ativamente da campanha
abolicionista,
por conta da revolta que sentia por seus ancestrais maternos terem
sido escravos e sofrido muito, e da proclamação
da república do Brasil.
Também foi a fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.
Ao todo, compôs músicas para 77 peças
teatrais,
tendo sido autora de cerca de duas mil composições em gêneros
variados: valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas.
Chiquinha com 87 anos, ao piano
Fonte: Internet