O SEGREDO DOS AMORES IMPOSSÍVEIS!
Gleidistone Antunes
Neste mundo real em que vivemos, transliterar em
ficção vivenciável, portanto, verossimilhante, um amor que nos tira a segurança
e nos oferece fortes emoções, contradizendo totalmente Cazuza, que desejava
"a sorte de um amor tranquilo",
parece ser uma estranha possibilidade. Estranha sim, mas para os estereótipos
convencionais de uma sociedade hipócrita, onde os paradigmas sobrepujam as
relações afetivas que se sustentam sob o signo da volúpia, do fogo da paixão e do
segredo.
O SEGREDO É
QUE É O NEGÓCIO!
O sentimento arraigado no íntimo de duas pessoas
que se relacionam intensamente em segredo, nos evidencia que o sigilo é que dá
sustentação a esse tipo tão intenso de relação, por isso todo romance deveria ser secreto, pelo menos,
por um período.
A emoção vivida à parte dos fatos rotineiros,
nos permitindo ser alguém novo, deslocado do cenário e elenco habitual, ou
seja, da rotina, é mesmo uma coisa fascinante
por ser proibido, por ser indesejável
ao julgamento alheio, por ser apenas uma coisa leve e que não precisa dar
em nada, mas que tem seu valor, enfim, por todas as razões que um amor proibido
ou secreto podem exigir. Por que são,
enfim, coisas que não precisam sair de quatro paredes. Nesse aspecto, é
impressionante como as pessoas se soltam e a aprendem sobre si mesmas e seus
prazeres em histórias que não saem da intimidade da alcova.
Protegidas do julgamento alheio os amantes
podem tentar outras possibilidades, caminhos, sensações. A figura pública, aquele "eu" que todo mundo
conhece nos cobra uma certa coerência e o
"anonimato" do romance proibido ou secreto é um oásis libertador. Ou
pode vir a ser. E, talvez, só por isso, só para que possamos tirar férias
daquele "eu", homem ou mulher e que "sempre foi" assim ou
assado, já vale a pena proteger um novo
amor do inferno dos olhos dos outros. Só por isso!
ANTES DE
VIR À TONA, SE VIER!
Antes
que o “encantamento” acabe é preciso que se viva o momento, afinal, como disse
o poeta:
“A vida é feita de momentos que não voltarão
jamais!”.
E
antes que o universo particular real de cada um comece a tentar fazer com que
os dois mundos se apercebam entre si, de que tudo isso é “magia”, “conto de
fadas” (impossível de se realizar), e que há uma realidade a sua volta e que esta
nos importuna o tempo todo, sigamos os versos:
“Companheiro
há que viver a vida / Que o tempo voa sem parar / Desfruta tudo agora / Que
desta pra outra, nada levarás!”
Para que esses versos se concretizem,
é preciso que os passos, a respiração, os abraços, os
corpos e os lábios dos envolvidos nessa espécie de relacionamento, tão intenso,
se acertem.
Amores clandestinos só existem porque são, de alguma forma,
inevitáveis. E por esta razão sobrevivem. Podendo
evitar, aposto eu, quem iria escolher os riscos e limitações que estes
oferecem? Amores fatais. Estes costumam ter como habitat o segredo, o fortuito,
o improvável.
Seja
como for, termino esta reflexão afirmando que todas as histórias de amor sempre
valem a pena, se são mesmos “histórias de amor”. Mesmo aquelas que jamais poderão
ser contadas.