Especialista
explica como a mídia brasileira manipula (aliena) você
Escritor
do livro bomba que em breve será lançado no Brasil falando sobre as
sujeiras da mídia brasileira e o oráculo chamado Rede Globo, conta
em artigo exclusivo como a mídia brasileira manipula a população
O especialista em comunicação e doutor em ciências politicas,
Marcos de Barros, escreveu o artigo a seguir para o Portal, baseado
em seu estudo acadêmico lançado na última semana em uma
universidade nos Estados Unidos.
Ele conta sua experiência e algumas de suas observações durante
seu estudo, que em breve deve ser lançado no país como livro bomba,
contando as sujeiras da mídia brasileira e o oráculo chamado Rede
Globo.
Leia
a seguir:
Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro
pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve
tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia,
a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral.
Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do
eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a
dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem
pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da
presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do
ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.
Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua,
embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina
Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os
meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo
contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios
comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os
recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da
síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo
sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de
Marta Suplicy como colunista de um jornal, cuja marca tem sido o
linchamento e a inviabilização política das duas administrações
petistas em São Paulo.
O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de
intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica
para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso
das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa
em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta
maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto
Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais,
sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos,
política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do
que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não
resistam a uma análise crítica.
Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos
defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira
Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser
canalizada para causas bem mais nobres, se ambos não se deixassem
cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática
do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato.
E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o
ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser
extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos
conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem
tanto nos inspirou com sua imaginação literária.
Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela
intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma
insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão.
Para além das divergências ideológicas com o projeto político do
PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana
dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela
brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio
Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos
celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os
leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com
comentários irreproduzíveis aqui.
Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente
metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua
condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites?
Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo
se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde, já
fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte
biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a
morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos
desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no
jornalismo lombrosiano?
Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes
dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli ,
Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer,
Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que
agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações
de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu
Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação”
na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas
de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da
falência ética do jornalismo tal qual
entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios
para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da
moralidade que confere legitimidade à práticas corporativas
inquisitoriais vendidas como de interesse público.
Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que
é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser
condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela
mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do
julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso
ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do
ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O
STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo
jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo
sancionado.
Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido
por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por
outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre
o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de
notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de
que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou
em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes
que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo
nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da
mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional.
Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o
título de doutor honoris causa em instituições europeias, e
avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do
presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma
outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de
respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo
nossa estratégia de uma América Latina soberana.
Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação
e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso
Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em
área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da
cidadania.
Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas,
Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga
caro por sua covardia. Terá a Dilma coragem com aprovação
semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão
intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?
O “The Washington Post”, um dos jornais norte-americanos
mais respeitados e lidos em todo o mundo, relatou o poder de
influência das novelas na vida dos brasileiros, em seu artigo
“Brazil’s Novelas May Affect Viewers’Lifes” (Novelas
do Brasil podem afetar as vidas dos telespectadores) . Um dos trechos
do artigo diz : “No Brazil, um país que, na média, assiste
mais à televisão que qualquer outro país, exceto o Reino Unido,
novelas tem um efeito mais duradouro ao influenciar escolhas no
estilo de vida, dizem os pesquisadores. As novelas se tornaram uma
parte muito importante na sociedade brasileira”.
A população é facilmente influenciada pela mídia principalmente
quando está relacionada a novelas. Nestas, heróis nacionais são
criados – ficcionais ou não. Acaba uma novela e inicia outra e os
modelos de comportamentos, beleza, moda e outros vão se alterando.
Mudam os personagens, a trama e os assuntos abordados e a sociedade
vai respondendo a este estímulo produzido. Os padrões difundidos
são copiados e seguidos, porém, as pessoas não conseguem
adaptá-los a uma vida real, o que gera ansiedade, angústia e
frustração.
Assistir televisão, navegar na Internet, falar ao celular são
coisas do cotidiano da maioria da população mundial. Somos,
todos os dias, bombardeados por diversas mídias que, em comum, têm
o objetivo de nos vender alguma coisa: uma ideia, um produto, um
sonho, etc. E essa tecnologia influencia o tempo todo a sociedade e
em consequência, a educação, tanto informal quanto formal. Podemos
afirmar que a vida e a interação humana são mediadas e controladas
pelos meios de comunicação. E é neste ambiente de interação com
o mundo e significação que desde pequena a criança é colocada à
frente da televisão e esta então se apresenta como parte integrante
da família por ser uma boa “babá eletrônica”.
Como negar a influência da TV, presente na quase totalidade dos
domicílios brasileiros, sobre as formações das identidades
sociais?
Quando ouvimos falar que a mídia representa o "Quarto Poder"
em uma nação, é preciso avaliar como isso é verdade e o quanto
estamos sujeitos a ela e a todas as suas variáveis. A mídia
influencia as pessoas no modo de agir, de pensar e até no modo de se
vestir. Ela cria as demandas, orienta os costumes e hábitos da
sociedade, além de definir estilos, bordões e discussões sociais.
A mídia dita as regras, as tendências, os padrões de beleza, os
ídolos a serem adorados e seguidos, impondo padrões de beleza cada
vez mais inatingíveis. E impulsiona homens e mulheres em busca
daquele corpinho que só o photoshop sabe produzir.
A produção da indústria cultural é direcionada para o retorno
de lucros tendo como base padrões de imagem cultural preestabelecida
e capazes de conquistar o interesse das massas sem trabalhar o
caráter crítico do espectador. Os adolescentes são bombardeados
com produções e marcas internacionais e as crianças estão à
mercê dos desenhos infantis. Dessa forma, seria impossível a
escola, ou os pais das crianças ignorarem os robôs que falam, as
naves espaciais que a todos fascinam, a capacidade de voar e de se
transformar, de transformas coisas, a magia, o poder e o terror
trazido pelos monstros e vampiros; as lutas do bem contra o mal nos
desenhos animados, a violência mostrada nos noticiários. Alguns dos
programas de TV apresentam constantemente valores questionáveis.
Essas mensagens irão determinar como nossos filhos serão? Irão
determinar sua honestidade, solidariedade, respeito e outros valores?
Segundo Marilena Chauí:
“A produção ideológica da ilusão social tem como
finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as
condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas,
justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem
levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições
reais em que vivemos e as ideias”.
Contudo, além de não podermos subestimar o poder da
influência da mídia na vida das pessoas, também não podemos
ignorar a importância desta, caso seja utilizada de forma mais ética
e consciente. Quero dizer que o poder que os veículos
de comunicação têm para mobilizar as pessoas é muito grande e
pode ser usado para o bem ou para o mal. Campanhas de doação
de sangue, de vacinação, de incentivo à reciclagem, para
economizar água, pela paz, para ajudar pessoas, e muitas outras,
quando divulgadas e incentivadas pela mídia ganham proporções
enormes e trazem resultados muito além do esperado.
Os meios de comunicação em massa devem contribuir para a
valorização da diversidade cultural, a promoção dos direitos
humanos, no combate a todo tipo de violência, no acesso à
informação, entre outros. Esta deveria ser sua função
primordial.
FONTE: