Brasil cai em ranking mundial de educação e está entre os piores desempenhos
Em comparação com os demais países, o Brasil ocupa a 63ª posição em ciências; a 59ª posição em leitura e a 65ª posição em matemática
O Brasil
está estacionado entre os piores
desempenhos do
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), de acordo
com os resultados da avaliação de 2015, divulgados nesta
terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). O Pisa mediu o conhecimento dos estudantes de 72
países em leitura, ciências e matemática. Nas três, a média dos
estudantes brasileiros ficou abaixo da dos demais países. Em
matemática, o país apresentou a primeira queda desde 2003, início
da série histórica da avaliação.
Em ciências, a média do Brasil
foi 401 pontos, enquanto a média dos países da OCDE foi 493. Em
leitura, o país obteve 407 pontos, abaixo dos 493 pontos dos
países-membros da OCDE e em matemática, o desempenho brasileiro foi
de 377 contra 490 da OCDE.
De acordo com os critérios da
organização, 30 pontos no Pisa equivalem a um ano de estudos. Isso
significa que, em média, os estudantes brasileiros estão cerca de
três anos atrás em ciências e leitura e mais de três anos em
matemática.
O Pisa testa os conhecimentos de
estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. A
avaliação é feita a cada três anos, e cada aplicação é focada
em uma das áreas. Em 2015, o foco foi em ciências, que concentrou o
maior número de questões da avaliação.
Participaram da edição do ano
passado 540 mil estudantes que, por amostragem, representam 29
milhões de alunos dos países participantes. A avaliação incluiu
os 35 países-membros da OCDE, além de economias parceiras, como o
Brasil. No país, participaram 23.141 estudantes de 841 escolas. A
maior parte deles (77%) estava matriculada no ensino médio, na rede
estadual (73,8%), em escolas urbanas (95,4%).
Em matemática, o país teve uma
trajetória positiva desde 2003, início da série histórica, quando
obteve 356 pontos. Nas avaliações seguintes, obteve 370 em 2006 e
386, em 2009. Em 2012, o país atingiu 389 pontos. Houve uma elevação
real de 21 pontos na média dos alunos no período de 2003 a 2012. Em
2015, no entanto, o país caiu para 377, o que significa um declínio
de 11,4 pontos. Apesar de ser uma queda, pelos critérios da OCDE,
não se trata de grande diferença.
Nas demais avaliações, o país
está estagnado. Em ciências, a proficiência média do Brasil foi
390 em 2006; 405 em 2009; e 402 em 2012. As pontuações não
apresentam diferenças estatísticas, segundo o relatório da OCDE, o
que mostra que o país está estagnado. O mesmo ocorre em leitura. Em
2000, o país obteve 396; em 2003, 403; em 2006, 393; em 2009, 412 e
em 2012, 407. Essas diferenças são consideradas insignificantes
estatisticamente.
Ranking
Em comparação com os demais
países, o Brasil ocupa a 63ª posição em ciências; a 59ª posição
em leitura e a 65ª posição em matemática. O ranking considera 70
economias - foram excluídas a Malásia e o Cazaquistão, que não
seguiram as mesmas regras de amostragem dos demais países, o que não
permite a comparação.
No topo do ranking de ciências
estão Cingapura (556), o Japão (538) e a Estônia (534). Em leitura
estão Cingapura (535), Hong Kong (China), o Canadá (527) e a
Finlândia (526). Em matemática, Cingapura também aparece em
primeiro lugar, com 564 pontos, seguida de Hong Kong (548) e Macau
(China), com 544 pontos.
A OCDE pondera que as condições
socioeconômica do Brasil e dos países da OCDE são diferentes.
Enquanto no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita
considerado no estudo é de US$ 15,9 mil, a média da OCDE é de US$
39,3 mil por habitante. Os países-membros da organização também
investem mais por estudantes dos 6 aos 15 anos, US$ US$ 90,3 mil,
enquanto no Brasil esse gasto é de menos da metade, 38,2 mil.
Outros países, no entanto, como
a Colômbia, o México e o Uruguai gastam menos por estudante que o
Brasil e tiveram um desempenho melhor em ciências - respectivamente,
416, 416 e 435 pontos. O Chile, que gasta o mesmo que o Brasil,
também obteve uma pontuação maior, de 447.
Ministério da Educação
Na avaliação da secretária
executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de
Castro, o resultado geral do Brasil "é muito ruim em comparação
até com países que têm investimento menor que o nosso em educação
e, inclusive, um nível de desenvolvimento inferior ao do Brasil.
Países como a Colômbia e o México, que tinham um desempenho
parecido e agora ja superaram o Brasil", afirma.
De acordo com Maria Helena, é
possível "dar um salto de qualidade" desde que haja
políticas públicas adequadas. Segundo ela, a formação de
professores é chave nesse processo. Ela aposta na definição da
Base Nacional Comum Curricular para melhorar o ensino. A base vai
definir o mínimo que estudantes devem aprender, desde o ensino
infantil até o ensino médio. O documento, que está em discussão
para o ensino médio e em fase final de elaboração para as demais
etapas, vai orientar também a formação dos professores.
"Acho que o Pisa é bom
relatório para que se entenda as enormes dificuldades do país, que
não melhora a educação básica e, ao mesmo tempo, pensa em
melhorar a economia. Só vai conseguir melhorar [a economia] se
melhorar a educação básica", acrescenta.
FONTE: http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2016/12/06/interna_nacional,830261/brasil-cai-em-ranking-mundial-de-educacao-e-esta-entre-os-piores-desem.shtml