Objetificação
da mulher em comerciais é tão ruim que afeta até os homens, diz
estudo
O
pano de fundo
Estima-se
que as pessoas vejam até 5.000 anúncios e comerciais por dia,
muitos dos quais apresentam as mulheres de maneira que as converte em
objetos sexuais.
Há
exemplos altamente ofensivos, como os infames comerciais da Carl’s
Jr., e outros mais sutis, como os anúncios da American Apparel
que sexualizavam uma modelo de camisa unissex, enquanto um modelo
homem usava a mesma camisa abotoada até em cima.
Alguns
anúncios tratam o estupro e a violência doméstica como se fossem
brincadeira; outros reduzem a mulher a um par de seios, e há
anúncios que arbitrariamente incluem uma mulher quase nua
simplesmente seguindo o raciocínio “por que não?”.
Estudos
sugerem que, quando mulheres são expostas a esse tipo de anúncio em
grande quantidade, podem interiorizar o valor que é atribuído à
sua aparência, e isso pode levá-las a sentir-se insatisfeitas com
seus próprios corpos, conduzindo à baixa autoestima, transtornos
alimentares e depressão. Mas, e os homens? Será que também eles
são afetados por esses retratos redutores das mulheres?
Em
um
novo estudo, pesquisadores do The College of Saint Rose e da
University of South Florida estudaram a relação complexa entre
comerciais que objetificam sexualmente o corpo da mulher e o efeito
que eles exercem tanto sobre as mulheres quanto sobre os homens
diariamente bombardeados com eles.
A pesquisa
Os
pesquisadores reuniram 437 homens e mulheres de 18 a 25 anos para
observar suas reações a comerciais em um laboratório (mas o que
foi dito aos participantes era que iam apenas examinar “a eficácia
de diversos tipos de anúncios”).
Primeiro
os participantes tiveram que relatar quantas horas por semana
passavam assistindo à televisão, navegando na Internet, nas redes
sociais, lendo jornais ou revistas, vendo pornografia ou jogando
videogames.
Depois
tiveram que anotar em que grau concordavam com afirmações como “eu
queria que meu corpo se parecesse com o de modelos que aparecem em
revistas”, para avaliar até que ponto interiorizavam os ideais
culturais de aparência, e fazer uma tarefa de associação de
palavras para medir seu grau de insatisfação com seu próprio
corpo.
Depois
disso os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos.
Um deles veria seis anúncios que objetificavam sexualmente a mulher
e outro veria seis anúncios que não o faziam (segundo testes feitos
previamente pelos pesquisadores).
Em
seguida os pesquisadores pediram a todos os participantes que
respondessem a algumas perguntas sobre as mulheres nos anúncios e
então voltassem a anotar seu grau de satisfação com seu próprio
corpo.
As descobertas
Os
pesquisadores descobriram que os homens e as mulheres que
interiorizavam os ideais culturais de aparência apresentaram grau
mais alto de insatisfação corporal depois de assistir a comerciais
que convertiam mulheres em objetos sexuais. O efeito era maior para
as mulheres, mas também se aplicava aos homens. Essa tendência não
foi constatada entre o grupo que assistiu aos comerciais neutros.
De
acordo com os pesquisadores, “pode ser difícil generalizar
essas descobertas para além da população adulta jovem”,
porque a pesquisa foi feita apenas com participantes na faixa dos 18
aos 25 anos. E a pesquisa refletiu apenas uma queda de curto prazo no
grau de satisfação com o próprio corpo; logo, são necessários
mais estudos para ver por quanto tempo duram os efeitos nocivos.
Conclusão
As
descobertas sugerem que, quando as pessoas falam da objetificação
sexual nas mídias, é importante levar em conta que comerciais
sexualizados podem prejudicar não apenas às mulheres, mas também
aos homens.
O
reconhecimento de que a autoestima dos homens pode ser afetada por
imagens degradantes de mulheres pode ajudar a fazer a discussão
avançar e pode levar a avanços (por exemplo, menos anúncios que
minimizam a gravidade do estupro ou da violência doméstica ou que
reduzem a mulher a um par de seios ou a retratam sem roupa de modo
gratuito).
Sem
falar que os homens cuja imagem corporal é negativamente afetada por
esses anúncios poderiam buscar ajuda se precisassem disso.
Em última
análise, todos são prejudicados
quando as mulheres são reduzidas a
objetos sexuais.
REFERÊNCIA:
http://www.geledes.org.br/objetificacao-da-mulher-em-comerciais-e-tao-ruim-que-afeta-ate-os-homens-diz-estudo/