Pai veste saia para apoiar filho que gosta de
usar vestidos
Pai passa a usar saias para apoiar o filho de 5 anos, que
prefere usar vestidos!
Para
apoiar o filho de cinco anos que prefere usar vestidos, um pai,
morador de uma pequena cidade da Alemanha, passou a usar saias
enquanto leva o menino para a escola ou para outras atividades. A
história foi divulgada por meio de um relato em primeira pessoa no
site da revista alemã Emma.
“Sim,
sou desses pais que tentam criar seus filhos com igualdade. Não sou
desses ‘pais acadêmicos’, que dizem besteiras nas aulas sobre
direitos de gênero e que, quando têm crianças, voltam ao clichê
‘ele se realiza no trabalho, ela se preocupa com o resto’”,
escreveu Nils Pickert.
Ele diz
que, ainda quando morava na capital Berlim, o filho não fez amigos
por querer usar vestidos e saias -situação que piorou quando ele se
mudou para a cidadezinha no sul da Alemanha, cujo nome não foi
divulgado. "“Em Berlim, as pessoas quase não reagiam ou
reagiam positivamente. Na minha pequena cidade, isso é diferente",
disse.
O fato
de Pickert vestir saia provocou até situações engraçadas, mas que
acabaram ajudando o garoto. Hoje agradeço àquela mulher que ficou
nos encarando na rua até que bateu em um poste. Meu filho se acabou
de rir. No dia seguinte, ele pegou outro vestido do armário. E, de
novo, no final de semana. E, depois, para ir à escola”, contou.
O pai
disse que o menino começou, também, a pintar as unhas. “Ele acha
que [o esmalte] fica muito bem nas minhas unhas também. Agora,
quando outras crianças querem rir dele, ele sorri e diz: ‘vocês
não se atrevem a usar saias nem vestidos porque os pais de vocês
também não se atrevem’”, diz.
Quebrando paradigmas
Para
Paulo Henrique de Queiroz Nogueira, professor da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais) e que tem trabalhos acadêmicos focados na
diversidade na escola, Pickert está, de certa forma, ajudando a
quebrar um paradigma social, um "modelo" estabelecido pela
sociedade. Ou seja: o fato de o pai começar a usar saia quebra a
expectativa que a sociedade cria em relação a ele -a de usar roupas
masculinas. A mesma coisa acontece com o filho.
“A
norma de gênero que vai dizer o que é apropriado para homens e
mulheres. A criança está contrariando a expectativa social. A
princípio, isso não deveria causar nenhum tipo de problema social.
Se causa, é porque essa norma tem um poder de persuasão muito
intenso”, afirma.
Segundo
a professora Valdenízia Peixoto, do departamento de Serviço Social
da UnB (Universidade de Brasília), compreender a atitude da criança
é o mais importante. A história de Pickert, diz, é totalmente
relacionada com a discussão de gênero.
“O que
não deve se fazer é reprimir. Deve-se é procurar de onde está
vindo aquilo, o porquê de a criança estar tendo aquele tipo de
postura. E naturalizar, não repreender e não tratar com violência”,
diz.
Suécia
Na
Suécia, há uma escola, por exemplo, que usa bonecos assexuados
contra as diferenças de gênero. Os professores, por exemplo, são
instruídos a não usarem "ele" ou "ela" e se
dirige aos alunos como "amigos". Além disso, o material
didático é adaptado para que as crianças não tenham contato com
estereótipos de gênero.
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