A extinção dos professores
"O
ano é 2.020 D.C. - ou seja, daqui a seis anos - e uma conversa entre
avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
- Vovô, por que o mundo
está acabando?
A
calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom
vem a resposta:
- Porque não existem mais
professores, meu anjo.
- Professores? Mas o que é
isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que
professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se
expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás,
transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar,
escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre
muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
- Eles ensinavam tudo isso? Mas
eles eram sábios?
- Sim, ensinavam, mas não eram
todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam
outros professores, e eram amados pelos alunos.
- E como foi que eles
desapareceram, vovô?
- Ah, foi tudo parte de um
plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns
vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio
primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles
acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para
mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo
alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo
para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam
aprender alguma coisa.
Depois, muitas famílias
estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser
vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer
"eu estou pagando e você tem que me ensinar", ou "para
que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você"
ou ainda "meu pai me dá mais de mesada do que você ganha".
Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas
escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas
particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na
qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais,
pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam
conseguindo "gerenciar a relação com o aluno". Os
professores eram vítimas da violência - física, verbal e moral -
que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas
de todo mundo.
Além disso, qualquer proposta
de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais
com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que
fosse. "Ah, eu quero saber se isso que vocês estão
ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular", diziam
os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o
ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se
foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de ideias, tudo,
enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos
escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais
ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
Em seguida, os professores
foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo
esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando
alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto
dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram
descrentes da educação, pois viam que as pessoas "bem
sucedidas" eram políticos e empresários que os
financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da
televisão - enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição
real para a sociedade.
ATENÇÃO:
Qualquer semelhança com a situação deste País ultrajado e
saqueado por políticos quadrilheiros e mafiosos, não é mera
coincidência."
XXXX
À
medida em que fui lendo o texto (postado no Facebook pela amiga Ana
Kristina Soares),
achei que seu autor (que não consegui identificar) seria um
visionário, mas quando cheguei ao fim da leitura, mudei de ideia.
Ele nada mais é que uma pessoa atenta às ações (ou omissões) dos
nossos políticos e da própria sociedade, que não reage (e muito
pelo contrário, se acumplicia) ao verdadeiro crime que vem sendo
cometido há alguns anos contra a educação no Brasil.
Se nada se modificar, a
extinção dos professores parece inevitável. Só não sei se em
2020 ou antes...
FONTE:
http://apatotadopitaco.blogspot.com.br/2014/09/a-extincao-dos-professores.html
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