CÂMARA APROVA PROJETO QUE LIBERA TERCEIRIZAÇÃO DE TODAS AS ATIVIDADES DAS EMPRESAS BRASILEIRAS
O projeto foi aprovado por 231 a favor, 188 contra e 8 abstenções - 20:56 | 22/03/2017
Mesmo
sob forte protesto da oposição, o plenário da Câmara dos
Deputados aprovou nesta quarta-feira (22) o Projeto de Lei (PL)
4.302/1998, de autoria do Executivo, que libera a terceirização
para todas as atividades das empresas. O projeto foi aprovado por 231
a favor, 188 contra e 8 abstenções.
Ainda
faltam votar alguns destaques. Após a votação dos destaques, que
deve ocorrer ainda hoje, o projeto, que já havia sido aprovado pelo
Senado, seguirá para sanção presidencial.
Desde
o início da sessão, a oposição obstruía os trabalhos. A
obstrução só foi retirada após acordo para que fosse feita a
votação nominal do projeto e simbólica dos destaques. O acordo foi
costurado entre o líder do governo, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e
parte da oposição.
Pelo
projeto, as empresas poderão terceirizar também a chamada
atividade-fim, aquela para a qual a empresa foi criada. A medida
prevê que a contratação terceirizada possa ocorrer sem restrições,
inclusive na administração pública.
Atualmente
a legislação veda a terceirização da atividade-fim e prevê que a
prática possa ser adotada em serviços que se enquadrarem como
atividade-meio, ou seja, aquelas funções que não estão
diretamente ligadas ao objetivo principal da empresa.
Trabalho
temporário
O
projeto que foi aprovado pelo plenário da Câmara também modifica o
tempo permitido para a contratação em regime temporário dos atuais
três meses para 180 dias, “consecutivos ou não, autorizada a
prorrogação por até 90 dias, consecutivos ou não, quando
comprovada a manutenção das condições que o ensejaram”, diz o
projeto.
Decorrido
esse prazo, o trabalhador só poderá ser contratado novamente pela
mesma empresa após 90 dias do término do contrato anterior. O texto
estabelece a chamada responsabilidade subsidiária da empresa
contratante em relação aos funcionários terceirizados.
A
medida faz com que a empresa contratante seja “subsidiariamente
responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período
em que ocorrer o trabalho temporário e em relação ao recolhimento
das contribuições previdenciárias”, diz o texto.
Debate
A
discussão do projeto foi iniciada na manhã desta quarta-feira, a
discussão da matéria foi iniciada com resistência da oposição. O
deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) criticou o projeto e disse que a
iniciativa vai fazer com que a maioria das empresas troque os
contratos permanentes por temporários. “Essa proposta tem por
objetivo uma contratação mais barata, precarizando e negando
direitos. O próximo passo é obrigar que os trabalhadores se
transformem em pessoas jurídicas, abrindo mão de férias,
licença-maternidade e outros direitos”, disse.
No
início da tarde, o relator Laercio Oliveira (SD-SE) apresentou o seu
parecer e rebateu as críticas. De acordo com o deputado, o projeto
não retira direitos. “Faço um desafio: apontem dentro do texto um
item sequer que retire direitos dos trabalhadores. Não existe”,
disse.
O
líder do governo, Aguinaldo Ribeiro, defendeu o projeto com o
argumento de que a medida vai ajudar a aquecer a economia, gerando
novos empregos. “O Brasil mudou, mas ainda temos uma legislação
arcaica. Queremos avançar em uma relação que não tira emprego de
ninguém, que não vai enfraquecer sindicatos. Eles também vão se
modernizar”, disse.
Projeto
de 1998
Originalmente,
o projeto foi encaminhado à Câmara em 1998 pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e aprovado no Senado em 2002. Deputados
contrários ao projeto criticaram a votação da proposta 15 anos
depois e chegaram a defender a apreciação de outro texto, em
tramitação no Senado, que trata do tema.
“Já
votamos essa matéria aqui e aprovamos uma matéria que foi para o
Senado e que é muito diferente desse projeto que está na pauta aqui
hoje. Essa matéria não passou pelo debate dessa legislatura e
seguramente representa um duro ataque aos direitos dos
trabalhadores”, disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
FONTE:
http://www.opovo.com.br/noticias/politica/2017/03/camara-aprova-projeto-que-libera-terceirizacao-de-todas-atividades-das.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário