O
DITO(?) SUBJETIVO DA POESIA
ABSOLUTA
*Tony Antunes
Muito tem se discutido
sobre a complexidade da Poesia Absoluta, de Vital Corrêa de Araújo.
Questionam a dificuldade de seu entendimento e acerca do seu “dizer”.
Por que, então, este complexismo? Antes de tudo, afirmamos que a PA
não foi criada para dizer algo, antes ela é uma voz do inedito
(paroxítona, mesmo) que se configura no jogo de palavras,
aparentemente ilógicas.
Dito isso podemos inferir
que, quando um poeta diz algo em seu poema, este se esgota na
primeira leitura. Não há a participação do leitor atribuindo-lhe
sentido, haja vista que ele já vem prontinho, mastigado e já
previamente entendido. O poema previsível vem com todas as nuances
já ditas por seu autor, e do mesmo jeito, com as mesmas palavras,
rimas, métricas e esquemas pré-estruturados pela “Teoria
Literária”.
A poesia Absoluta quebra
com alguns dos paradigmas até então exigidos pelo sistema cânone,
este que determina o que é e o que não é poesia. Todavia, a PA,
por ser dinâmica, latententemente humana e que se desdobra por
vieses múltiplos de interpretação, não se pode deixar aprisionar
às regras das academias. Antes, a PA é livre e laica.
O poeta absoluto quando
lê um poema previsível, sabe que este está condenado ao fatídico
ato da repetição de sentido, já oferecido “de bandeja” pelo
autor, mesmissimamente e explicitamente aparente (porque aparece),
embora se tenha um pouco de subjetividade, mesmo assim uma rala (não
profunda) subjetividade.
O poema previsível não
atordoa, não burila cérebros, não incita as “mentes dos olhos”.
Aos possíveis leitores
do poema absoluto, advirto-os: esvaziem-se, abstraiam-se e somem seus
sentidos aos possíveis sentidos dado ao poema absoluto pelo seu
autor. Torne-se com isto um coautor desse estranho, enigmático e
doce poema. Entenda que nele a poesia não está nas entrelinhas, mas
nas entrenuvens do esforço, onde sua liberdade está numa caixa de
Pandora do bem. Descubra-a, abra esta caixa e dê o seu significado
ao conteúdo que nela está – puro “significante” (Ferdinad
Suassure). O trabalho de entendimento é por sua conta e risco, caro
leitor!
Entenda que no poema
absoluto há não espaço para ressignificações, haja vista que ele
é pluri de significante graficamente neologistico e foneticamente
estranho(?) aos ouvidos dos leitores dorminhocamente dorminhocos.
Tudo isto dado ao leitor
do presente texto, surge-nos uma pergunta obvia: Qual o objetivo da
Poesia Absoluta? A resposta é tão obvia quanto dois mais dois são
cinco(?), complexa? Pode ser. Mas certamente uma das possíveis
respostas seria a de derrubar da espreguiçadeira, da rede ou mesmo
da cama - o leitor desatento, para que ele tenha a consciência de
que pode, mesmo sozinho, construir um poético e livre amanhã.
*Tony
Antunes é o pseudônimo do professor Gleidistone Antunes, graduado
em Letras e Pós-graduado em Língua Portuguesa pela Faculdade de
Formação de Professores da Mata Sul – FAMASUL – PE. Professor
de Teoria I e II da Literatura Brasileira, Participa do Movimento
Literário da Poesia Absoluta, encabeçado pelo Poeta Vital Correa de
Araújo.
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