quinta-feira, 21 de março de 2019

O DITO(?) SUBJETIVO DA POESIA ABSOLUTA *Tony Antunes

O DITO(?) SUBJETIVO DA POESIA ABSOLUTA
*Tony Antunes


Muito tem se discutido sobre a complexidade da Poesia Absoluta, de Vital Corrêa de Araújo. Questionam a dificuldade de seu entendimento e acerca do seu “dizer”. Por que, então, este complexismo? Antes de tudo, afirmamos que a PA não foi criada para dizer algo, antes ela é uma voz do inedito (paroxítona, mesmo) que se configura no jogo de palavras, aparentemente ilógicas.
Dito isso podemos inferir que, quando um poeta diz algo em seu poema, este se esgota na primeira leitura. Não há a participação do leitor atribuindo-lhe sentido, haja vista que ele já vem prontinho, mastigado e já previamente entendido. O poema previsível vem com todas as nuances já ditas por seu autor, e do mesmo jeito, com as mesmas palavras, rimas, métricas e esquemas pré-estruturados pela “Teoria Literária”.
A poesia Absoluta quebra com alguns dos paradigmas até então exigidos pelo sistema cânone, este que determina o que é e o que não é poesia. Todavia, a PA, por ser dinâmica, latententemente humana e que se desdobra por vieses múltiplos de interpretação, não se pode deixar aprisionar às regras das academias. Antes, a PA é livre e laica.
O poeta absoluto quando lê um poema previsível, sabe que este está condenado ao fatídico ato da repetição de sentido, já oferecido “de bandeja” pelo autor, mesmissimamente e explicitamente aparente (porque aparece), embora se tenha um pouco de subjetividade, mesmo assim uma rala (não profunda) subjetividade.
O poema previsível não atordoa, não burila cérebros, não incita as “mentes dos olhos”.
Aos possíveis leitores do poema absoluto, advirto-os: esvaziem-se, abstraiam-se e somem seus sentidos aos possíveis sentidos dado ao poema absoluto pelo seu autor. Torne-se com isto um coautor desse estranho, enigmático e doce poema. Entenda que nele a poesia não está nas entrelinhas, mas nas entrenuvens do esforço, onde sua liberdade está numa caixa de Pandora do bem. Descubra-a, abra esta caixa e dê o seu significado ao conteúdo que nela está – puro “significante” (Ferdinad Suassure). O trabalho de entendimento é por sua conta e risco, caro leitor!
Entenda que no poema absoluto há não espaço para ressignificações, haja vista que ele é pluri de significante graficamente neologistico e foneticamente estranho(?) aos ouvidos dos leitores dorminhocamente dorminhocos.
Tudo isto dado ao leitor do presente texto, surge-nos uma pergunta obvia: Qual o objetivo da Poesia Absoluta? A resposta é tão obvia quanto dois mais dois são cinco(?), complexa? Pode ser. Mas certamente uma das possíveis respostas seria a de derrubar da espreguiçadeira, da rede ou mesmo da cama - o leitor desatento, para que ele tenha a consciência de que pode, mesmo sozinho, construir um poético e livre amanhã.

*Tony Antunes é o pseudônimo do professor Gleidistone Antunes, graduado em Letras e Pós-graduado em Língua Portuguesa pela Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul – FAMASUL – PE. Professor de Teoria I e II da Literatura Brasileira, Participa do Movimento Literário da Poesia Absoluta, encabeçado pelo Poeta Vital Correa de Araújo.

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