terça-feira, 13 de dezembro de 2016

POEMA E PIANO Por Admmauro Gommes

POEMA E PIANO
Por Admmauro Gommes*

O poema tem o poder de sair da realidade para voltar ao real, de maneira distorcida, ampla, colossal. No caso de “Ao piano” (Tony Antunes) o eu-lírico trafega entre passado e presente na mesma nota de saudade. O que se toca com os dedos (palpável) pode tocar o sentimento, toca-se ao piano, em “sonoras sinfonias de luzes em cores.”
É assim que o poeta capta o instantâneo e eterniza uma imagem verbal. Antunes potencializa a lembrança através da arte da palavra, metafórica, mas tão verdadeira quanto a cena original. Não sei se a foto completa os versos ou se estes complementam a imagem estática da fotografia.
O poema se move. A foto congela a visão enquanto a poesia se permite constantes leituras. Que se ouça, então, o poema ao piano, em tempo contínuo e infinito.

Palmares, 19/10/2016



AO PIANO
Tony Antunes

Mãos mágicas montadas nos
Teclados
Viajam em harmonia pelas
Galáxias do
Tempo e do
Espaço.
Sonoras sinfonias de
Luzes em
Cores e
Canções,
Num tilintar maternal,
Lacrimejam meus olhos...!
Ah, como é sincero o dedilhar da tua nota,
Celecina!
Celestemente, tocas agora em
Céus de acordes divinos,
Onde anjos glorificam ao
Deus do teu coração.
Ao piano, em candelabros de cristais,
Acaricias a brisa da minha
Saudadeee!

Palmares
11/10/2016

*Admmauro Gommes é membro fundador da Academia de Cultura de Colônia Leopoldina (AL) e da Academia Palmarense de Letras. Professor de Teoria da Literatura, Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa. É poeta e Prosador. Escreveu mais de trinta livros e organizou outros tantos. Atualmente leciona na Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul – FAMASUL (PE). Encabeça em nossa região, mais especificamente no meio acadêmico da faculdade onde leciona, o Movimento Literário entitulado de Poesia Absoluta. Este sob fortíssima influência do Poeta pernambucano Vital Corrêa de Araújo. Saiba mais e conheça as obras de A G e de VCA acessando ao link abaixo:


domingo, 11 de dezembro de 2016

GENÉSIO CAVALCANTI: UM ROMÂNTICO INCURÁVEL. Por Gleidistone Antunes



UM ROMÂNTICO INCURÁVEL: GENÉSIO CAVALCANTI
Por Gleidistone Antunes

Muitos têm escrito acerca do amor em suas mais váriadas facetas. O céu, a lua e o mar têm sido a base de “inspiraçao” para os ditos poetas. Falam de coração, alma e até do pulmão, dando-lhes uma conotação de algo que sente as nuances sensitivas das manifestações do amor no corpo de um enamorado.
Mas, em meio a tantos autores de textos poéticos, sempre tem um que nos evidencia uma doença, uma “praga” boa, um sentimento louco-são, doido e varridamente lindo, mágico mesmo! Esse cara é o Poeta (com P maiúculo) Geneśio Cavacanti.
A gente não se cansa de ler, reler e ler novamente cada poema. E a cada leitura, de fácil compreensão, tiramos o máximo multiplo comum da essência do Eu lírico autoral, amante e amado, situações que o autor não tem nenhum constrangimento em expor.

De acordo com João Cabral de Melo Neto (1966: p. 36))

"Um galo sozinho não tece a manhã [...]”:

Mas Genésio, na contramão de Cabral, tece um ontem na memória dos seus leitores que, no hoje, estão carentes de um amor que pode não ser replicado no amanhã, muitos até nem sabem o seu real significado, a ponto de banalizá-lo. Entretanto, essa palavra se desbanaliza no grito poético desse palmarense arretado de bom e humanamente abençoado pelas palavras.

No poema “Na toada do amor” (2016: p. 117), Genésio diz o que nasceu para fazer, e o faz com afinco:

Levo a vida
cantando, escrevendo
recitando sobre o amor...
e acredite:
faço-o com vontade
com aplicação, fervor
e nessa toada
deixo minha marca
viva, acesa, determinada!

E para que não restem dúvidas ele diz: Uma das melhores / coisas da vida / é amar incessantemente... (2016: p. 173).

O autor também circula com desenvoltura pelos contos. Em “Uma noite inesquicivel”, Genésio dá um banho de narrativa, mostrando um narrador onisciente/onipresente, mas apenas se limitando a montar os diálogos sem que o Eu lírico se envolva na trama. E advinhem qual a temática desse conto? Só podia ser o amor!
No livro “Tempo de Amar”, o leitor também terá a grata leitura do excelente Prefácio do também poeta, escritor e blogueiro, Luiz Alberto Machado, que muitíssimo bem conhece o Genésio Cavalcanti, este que se mostra um artífice maduro e realmente incessante, incurável e louco a lá “Cervantes do amor” em pleno século XXI.
Eu o li todo e o recomendo, afinal, com Genésio Cavalcanti o amor sempre estárá no ar!


Referĉncias

Cavalcanti, Genésio. Tempo de amar. Serinhaém – PE: Gráfica e Editora Inovação, 2016.
Neto, João Cabral de Melo. Educação pelas pedras. São Paulo: USP, 2000.