Ser Professor é uma tarefa
árdua, difícil e até frustrante, algumas vezes. Mas certa vez, no final da
minha adolescência, eu ainda um jovem com 19 anos, analfabeto e morador de rua,
tive um anjo na figura Professora que me salvou das trevas da ignorância. Sem
nem mesmo conhecer-me, ela estendeu-me as mãos, tirou-me das ruas - ensinou-me
a ler e a escrever pelo método Paulo Freire.
Em seis meses eu já lia
tudo sem soletrar, e mais ainda, eu conseguia explicar tudo o que lia. Aquela
Professora, uma negra, não quis saber da minha cor, mas da minha capacidade, da
potência que sempre esteve ali, presente dentro de mim. Ela foi uma mestra, no
sentido pleno da palavra, ela foi a que me abriu os olhos e fez com que eu enxergasse
um novo e possível horizonte, por isso estou aqui – Sou Professor.
Por isso, nos dias hoje,
como uma Corrente do Bem, tento também repassar para os meus estudantes a
crença de que todos eles podem ser pessoas melhores do já são. Que sempre há a
possibilidade de melhorarmos para uma condição de vida mais digna,
independentemente do valor em cifras, porque isso é o que menos vale. O que
vale mesmo é o aprendizado que nos valorize, que nos faça crescer rumo aos
valores humanos em que o respeito pelos outros seja uma evidência constante em
nossos pensamentos e atos.
Exerço a minha função por
acreditar que assim eu posso mostrar aos meus estudantes um caminho melhor para
a autoconsciência, para a autorreflexão, porque ainda acredito nos Valores Humanos.
Acredito que todos podem mudar para uma perspectiva visionária de um mundo
melhor, e que todos têm a plena capacidade para isso. Algumas vezes sou
incompreendido pelos próprios alunos que insistem em permanecer nas trevas da
ignorância, não desejam ser estudantes, porque não estudam, porque muitas
vezes, em casa, não recebem o estímulo necessário para se desenvolverem. Às
vezes os pais “passam a mão na cabeça da criança ou do jovem”, e fazem vista
grossa para a falta de educação dos próprios filhos. Isso é um perigo terrível,
porque a célula-mãe da sociedade é família, e que quando os pais negligenciam a
educação, o respeito e a moral dentro de casa, com os filhos, essa situação se
repercutirá na sociedade de maneira extremamente trágica, e os primeiros a
sofrerem são os próprios pais.
Sou Professor na
perspectiva da solidariedade (amorosidade, como disse Paulo Freire) com as situações
de carências afetivas dos meus estudantes. Minha docência, alma e coração são
para os meus estudantes, mesmo para os que ainda não entenderam as minhas
cobranças efetivas e veementes, meus “carões” e minhas críticas à luz da razão
ao chamamento da responsabilidade. Amo ser Professor, e não poderia eu ser
outra coisa que não fosse esta profissão que todos dizem ser a mais importante
do mundo, porque abre mentes, possibilidade de reflexão e, consequentemente, o
crescimento intelectual e interior, na perspectiva da humanidade que há em cada
um de nós.
Tenho dito, senhores e
senhoras, pais e mães dos meus estudantes!
Que o Deus dos nossos
corações nos abençoe a todos!
Palmares, 15 de outubro de 2023
Gleidistone da Silva Antunes
Graduado no Curso de Letras pela FAMASUL - Faculdade de Formação de Professores na Mata Sul/PE
É Professor da SEE - Rede Estadual de Educação e Esportes/PE
É Professor da AEMASUL - FAculdade de Formação de Professores na Mata Sul/PE
Pós-graduado e Literatura Brasileira e Língua Portuguesa pela FAMART/MG
Membro das Academias:
APLE - Academia Palmarense de Letras - Palmares/PE,
AIAP - Academia Intercontinental de Artistas e Poetas - Curitiba/PR
AILB - Academia Internacional de Literatura Brasileira - New York/USA
Poeta, com dois livros publicados sob o pseudônimo de Tony Antunes:
1º Digitais Absolutas, poemas escolhidos, CriaArt: 2019
2º Cláusulas Poéticas da Nebliana, CriaArt: 2023.
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